Acusação aponta o recebimento de vantagens indevidas da Odebrecht e da Tucumann Engenharia relacionadas à exploração e duplicação da rodovia.
A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná (MPF/PR) denunciou nesta quarta-feira (5), o ex-governador Beto Richa, e o irmão do ex-governador, o ex-secretário José Richa Filho (Pepe Richa) pela prática, ao longo de 2014, dos crimes de corrupção ativa e passiva, fraude licitatória e lavagem de dinheiro. A denúncia é relacionada à licitação para Parceria Público Privada para exploração e duplicação da PR-323, que liga Maringá a Francisco Alves, no noroeste do Paraná.
Também foram denunciados pelos mesmo crimes o ex-secretário de Richa, Ezequias Moreira, o primo dele, Luiz Abi Antoun, que está no Líbano desde outubro, além do contador de Richa, Dirceu Pupo Moreira, e ainda Rafael Gluck e José Maria Ribas Mueller.
De acordo com a denúncia, Beto Richa, Ezequias Moreira, José Richa Filho em conluio com Rafael Gluck e José Maria Ribas Mueller, fraudaram a licitação em favor do Consórcio Rota das Fronteiras, composto, entre outras, pela empresa Tucumann Engenharia e pela Odebrecht.
A investigação apontou o contato entre empresários ligados às empresas integrantes do consórcio e os agentes públicos antes mesmo da publicação das diretrizes para a licitação ganha posteriormente pelo consórcio.
Os agentes públicos atuaram para o afastamento de outros potenciais concorrentes e descumpriram formalidades legais. Para garantir o favorecimento do consórcio, o grupo criminoso integrado pelo ex-governador recebeu vantagens indevidas de cerca de R$ 7,5 milhões.
Para garantir que o Consórcio Rota das Fronteiras vencesse a licitação para a exploração e duplicação da PR-323, executivos da Odebrecht ofereceram pelo menos R$ 4 milhões a Deonilson Roldo, no interesse de Beto Richa, Pepe Richa e Ezequias Moreira e, para viabilizar o recebimento dissimulado de valores, Dirceu Pupo Moreira e Luiz Abi Antoun atuaram como intermediários.
Dentro deste valor prometido pelos empresários, perícias dos sistemas DROUSYS e MyWebDay, da Odebrecht, revelaram no intervalo de dois meses ao longo de 2014, pagamentos superiores a R$ 3,5 milhões para o codinome “Piloto”, utilizado para identificar o ex-governador.
Cessão de imóvel
Segundo o MPPF, o recebimento de outra vantagem indevida, no valor de R$ 3,4 milhões, deu-se pela cessão, em favor de Beto Richa, de cotas de um imóvel em valor subfaturado por parte de Rafael Gluck e de José Maria Ribas Mueller, executivos da Tucumann Engenharia, empresa que fazia parte do consórcio e que foi beneficiada pelo esquema criminoso. Este valor foi dissimulado pela participação da Ocaporã como intermediária, empresa formalmente gerida por Dirceu Pupo Ferreira, mas ligada por intrincadas relações societárias a Beto Richa e seus familiares.
A análise das operações financeiras e das informações contábeis da Ocaporã demonstrou, de acordo com a denúncia, que Rafael Gluck e José Maria Ribas, após seis anos de investimento, venderam um empreendimento imobiliário concluído à empresa de familiares de Beto Richa por valor inferior ao investido. A estimativa feita pelo setor técnico da Procuradoria-Geral da República é de que a venda formal se deu em um valor 44% inferior ao preço de mercado.
Pelos recebimentos em espécie e pelas outras dissimulações adotadas para o pagamento das vantagens, a denúncia também apontou o cometimento de crimes de lavagem de dinheiro.
Fonte: Banda B
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