Circula pelas redes sociais uma imagem afirmando que Givaldo Alves de Souza, homem em situação de rua agredido por um personal trainer em Planaltina (DF), seria um empresário que dispõe de mais de 100 processos judiciais em seu nome. O texto afirma ainda que Souza atuaria na área de transportes, com diversas acusações de estelionato e golpes. Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
“Estão dando moral para um mendigo? Calma ai que o cara nao é só um mendigo nao meus amigos! Givaldo alves de Souza, tem uma grande lista de processos, são mais de 100…
Entre eles temos
Protetiva da EX…
Execução de penhora de prefeituras e de ex funcionarios de sua falida empresa! Isso mesmo, o cara é ex empresario no ramo de transporte!
Vcs nao acharam entranho um mendigo falar tão bem assim? Pois é meus amigos, o cara ta na carreira de mendigo tem uns 3 anos +-… Não é pra menos a justiça levou o que sobrou!!!! (…)”
Legenda de imagem publicada no Facebook que, até as 15h de 30 de março de 2022, tinha 749 compartilhamentos
FALSO
A informação analisada pela Lupa é falsa. O empresário citado no post e o morador de rua são homônimos, ou seja, são pessoas diferentes que têm o mesmo nome. Como eles possuem CPFs diferentes, é possível comprovar que o homem que possui diversos processos tramitando na Justiça não é o mesmo envolvido no caso de Planaltina.
Uma busca no site Jusbrasil por “Givaldo Alves de Souza”, leva a informações de 105 processos judiciais relacionados a esse nome. A maior parte refere-se à empresa GFrigo Transportadora de Cargas LTDA – ME e à Ferespau Transportes e Servicos Especiais LTDA – EPP. Ao procurar pelo nome das empresas no site do governo federal, é possível encontrar o CNPJ das instituições (veja aqui e aqui).
Ao informar o nome e o CNPJ das empresas no site da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), estado onde as mesmas estão localizadas, é possível descobrir o número do Cadastro de Pessoa Física (CPF) do empresário Givaldo Alves de Souza — veja aqui e aqui. De fato, existem alguns processos que citam esse número de CPF.
A Lupa teve acesso ao Boletim de Ocorrência do caso de Planaltina (DF), enviado através da equipe do jornal Metrópoles, que está fazendo uma cobertura do caso. Ao comparar os números de CPF do empresário e do morador de rua, que está presente no boletim, é possível constatar que não se trata da mesma pessoa. Não há informações sobre processos judiciais que envolvam o CPF do morador de rua Gilvaldo Alves de Souza.
No dia 9 de março, o personal trainer Eduardo Alves, de 31 anos, encontrou a esposa tendo relação sexual com Givaldo dentro de um carro. Ele retirou o morador de rua de dentro do veículo e o espancou. O personal afirmou que ela vinha apresentando problemas psicológicos e que foi vítima de violência sexual. Givaldo alegou que a relação com a mulher foi consensual e que não cometeu estupro. O caso está sendo investigado pela 16ª Delegacia de Planaltina, no Distrito Federal. Segundo o delegado Diogo Cavalcante, o caso segue em sigilo.
Essa informação também foi verificada por Boatos.org.
Nota: esta reportagem faz parte do projeto de verificação de notícias no Facebook. Dúvidas sobre o projeto? Entre em contato direto com o Facebook.
Editado por: Chico Marés e Maurício Moraes
Fonte: https://piaui.folha.uol.com.br
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